No Brasil, a Lei de Diretrizes de Base (LDB), de 20 de dezembro
de 1996, que orienta a organização escolar e estabelece as diretrizes
para o oferecimento das línguas estrangeiras, estabelece a
obrigatoriedade do ensino de “pelo menos” uma Língua Estrangeira (LE)
nas escolas públicas. A escolha, segundo o documento, deve ser
feita pela “comunidade escolar, dentro das possibilidades da
instituição”, art.25°, parágrafo 5° (Lei de Diretrizes e Bases, 1996).
Sem muita discussão, e pelo forte apelo do mundo global que fala inglês,
as instituições optam, na sua grande maioria por essa língua. No
entanto, a partir do ano de 2011 passou a vigorar uma lei, que obriga o
oferecimento do espanhol no sistema regular de ensino, e desde então
todas as instituições governamentais passaram a inserir essa língua
latina no currículo.
Além da LDB, outros dois documentos oficiais da educação
brasileira são de grande importância para o ensino de línguas no ensino
básico. Os PCN (Parâmetros Curriculares Nacionais), lançados há pouco
mais de uma década, apresentam como principal objetivo “restaurar o
papel da língua estrangeira na formação educacional” (Secretaria de
Educação Fundamental, 1998, p. 19). Outro documento mais recente, as
OCEM (Orientações Curriculares do Ensino Médio), lançado em 2006, busca
reafirmar a função educacional na construção da cidadania e introduz,
entre outros tópicos, reflexões teóricas, pedagógicas e educacionais,
sobre linguagens e as novas tecnologias (Secretaria de Educação Básica,
2006). No entanto, a despeito do esforço de muitos, e das mudanças
ocorridas nas últimas décadas que buscaram a valorização da disciplina
de LE na organização curricular, o fato é que os parâmetros são, ainda,
raramente lidos e/ou discutidos de modo efetivo pelos professores em
geral, sendo circundados por ”divergências teóricas” e por uma
“atmosfera de descrédito” (Assis-Peterson & Cox, 2008, p.34) na
rede pública de ensino. Na verdade, pode-se dizer que dissonâncias
epistemológicas não causam entre os professores que estão na escola
tanta descrença em relação às orientações oficiais quanto outros
aspectos como baixos salários, problemas na formação de professores,
carga horária reduzida para as aulas de LE e pouca importância atribuída
às línguas estrangeiras nos currículos de escola pública brasileira.
Essas, sim, importantes questões que contribuem para uma situação de
ceticismo.
Diferentemente da grande maioria das escolas da rede oficial de
ensino no Brasil, os “Colégios de Aplicação” são considerados contextos
favoráveis à experiências e práticas inovadoras, e é sobre o ensino de
línguas em um desses colégios que refiro-me na seção seguinte.
O PROGRAMA DE LÍNGUAS ESTRANGEIRAS NO “COLÉGIO DE APLICAÇÃO”
Pertencentes à rede federal de ensino, os Colégios de
Aplicação, no Brasil são instituições ligadas às universidades federais,
criados originalmente para serem campos de experimentação de novas
metodologias e práticas pedagógicas, além de servirem como local de
prática para os cursos de licenciaturas. O objetivo fundamental desses
colégios, afora oferecer ensino de qualidade, é o de participar na
formação dos futuros professores. São, portanto, instituições
reconhecidas pelo alto nível de competência de seu corpo docente,
formado, em sua maioria, por doutores e mestres. Neles se desenvolvem
pesquisas no âmbito da Educação Básica, aspecto esse que, somado a uma
boa estrutura física, condições favoráveis de trabalho, salários mais
justos e uma vasta gama de recursos pedagógicos, conferem as condições
apropriadas para um ensino de qualidade que prima por aliar a teoria com
a prática.
O Colégio de Aplicação da Universidade Federal de Santa
Catarina tem como princípio maior a formação integral do cidadão. Com
relação ao ensino de línguas, busca-se oferecer uma educação
linguística, levando-se em conta questões sociais e políticas,
relacionadas à realidade global e local. Procura-se, para tanto,
desencadear uma reflexão sobre o uso de línguas, procurando fazer com
que os alunos posicionem-se criticamente diante de aspectos ideológicos
diversos que envolvem a natureza humana e a cidadania.
Alemão, Francês, Espanhol e Inglês são as quatro línguas, além
do Português brasileiro, oferecidas no CA/UFSC. Os alunos têm, no sexto
ano, quatro horas semanais dedicadas ao ensino/aprendizagem de LE, sendo
para cada língua reservada uma hora. Ao final desse sexto ano, os
alunos escolhem qual língua irão estudar até o término da educação
básica, que se consolida ao fim do terceiro ano do ensino médio.
Após o sexto ano, o objetivo do ensino de línguas no Colégio de
Aplicação intensifica-se com relação à identidade da disciplina
enquanto componente curricular no contexto de uma escola regular. E é
sobre essa identidade que discuto na próxima seção.
PRINCIPAIS PREMISSAS DO ENSINO DE LÍNGUAS NO CA/UFSC
Em consonância com outros autores, argumentamos que as línguas
estrangeiras, no sistema da escola regular, precisam ser pensadas de
forma clara, a partir de objetivos educacionais mais amplos de modo que
não haja simplesmente uma preocupação excessiva com formas lingüísticas e
que as práticas em sala de aula não conduzam a uma visão de linguagem
como um sistema fechado e imutável, indiferente à sua heterogeneidade
(Garcez, 2003). Comprometidos com uma agenda educacional, buscamos
enriquecer o discurso da sala de aula, discutindo a diversidade do
próprio contexto. Focamos nas culturas e práticas locais, nas esferas
cívicas e políticas, e acreditamos que o processo de aquisição de uma
língua estrangeira é desenvolvido de modo muito mais significativo e
efetivo quando a identidade local move nossa práxis (Pennycook, 2001;
Canagarajah, 2005; Schlatter & Garcez, 2009). Para tanto,
procuramos considerar alguns aspectos, descritos a seguir, que são
inerentes ao contexto de ensino/aprendizagem em que atuamos:
Em primeiro lugar, entendemos que não podemos simplesmente agir
como somente professoras de línguas. Agimos como educadoras que
concordam que a aprendizagem humana é um processo que se desenvolve nas
relações sociais e que o funcionamento da mente humana está relacionado
com o contexto sócio-histórico. Sendo a ação humana mediada pela
interação nesse contexto, consideramos a sala de aula como um espaço de
transformação e não de conformismo. Especialmente, ela é um lugar em que
as histórias próprias, valores, crenças e direitos e deveres devem ser
questionados. Nesse sentido, procuramos enfatizar, acima de tudo, que a
aprendizagem é situada e, portanto, entendemos que nossos objetivos e
planos devem ter uma identidade própria, uma vez que nossa realidade é
diferente da realidade de sociedades outras, que não a nossa.
Segundo, nos preocupamos com a falta de clareza sobre a
principal função do ensino de línguas na escola regular que é formar
cidadãos, capazes de agir criticamente na sociedade contemporânea.
Muitas vezes, o obscurantismo sobre o papel do ensino de línguas na
escola pública faz com que objetivos sejam estabelecidos de acordo com
objetivos dos cursos livres e o fato é que não há como, e tampouco
devemos, equalizar o papel da língua estrangeira na escola pública de
acordo com a concepção de educação dos cursos privados (Garcez, 2003).
Na escola regular, não podemos concentrar todos os esforços em ensinar o
idioma como se a língua estrangeira pudesse ser ensinada sem uma
discussão acerca de valores sociais, culturais, políticos e ideológicos.
Entendemos que o ensino de línguas deve contribuir com o objetivo
principal da educação básica, qual seja, formar indivíduos com uma
consciência social que os levem a interagir melhor com o meio em que
vivem. Levamos em conta que o ”valor educacional” de uma língua
estrangeira vai muito além de meramente capacitar o aprendiz para usar
uma determinada língua para fins específicos (Secretaria de Educação
Básica, 2006, p. 94).
Terceiro, procuramos considerar a importância que os livros
didáticos exercem no cotidiano escolar, uma vez que no Brasil eles têm
um apelo muito forte. Além disso, livros de Espanhol e Inglês passaram a
ser distribuídos gratuitamente, a partir do ano de 2011, pelo Programa
Nacional do Livro Didático (PNLD). No entanto, procuramos estar atentas e
não nos render a eles, não nos deixando “domesticar” e buscamos sempre
(antes mesmo do programa de distribuição gratuita) adotar livros
brasileiros, elaborados por autores brasileiros, fugindo assim da
sabedoria legitimada, estabelecida e desenvolvida do centro para a
periferia (Holliday, 2005). Como Apple (1989) ressalta o livro texto
muitas vezes define o que deve, ou não, ter status de conhecimento na
escola. E para que esse tipo de material não tenha um caráter imperioso,
trabalhamos com o firme propósito de retirar a natureza autoritária do
livro texto. Agimos, então, como mediadores entre o material apresentado
e novas lições, com outras atividades, que desenvolvemos a partir dele.
Desse modo, empoderamos os alunos, aguçando sua criticidade, de modo
que eles passam a reconhecer e a contestar a agenda educacional
apresentada a eles.
Em quarto lugar, importa dizer que procuramos considerar os
documentos oficiais que oferecem orientações curriculares para a
Educação Básica no Brasil. Procuramos discuti-los à luz das exigências
locais, criticando questões que não condizem com a realidade e
propagando nossas insatisfações em fóruns de formação de professores e
outros espaços de discussão. Não nos deixamos escravizar por eles e
tampouco seguimos prescrições. No entanto, procuramos levar em conta os
aspectos positivos aventados nesses documentos, especialmente aquilo que
diz respeito à importância da discussão do conceito de cidadania, da
compreensão intercultural, da interdisciplinaridade, da introdução de
novas teorias de linguagem e de novas tecnologias no ensino de línguas.
Para exemplificar nosso esforço em buscar um sentido
educacional na sala de línguas que vise a formação de cidadãos atuantes
na sociedade, apresento abaixo, ainda que resumidamente, alguns
direcionamentos que regem nossas ações e alguns exemplos de nossas
práticas cotidianas.
O TRABALHO DIDÁTICO NA SALA DE AULA DE LINGUAS DO CA – ALGUNS EXEMPLOS
Levando em conta os aspectos acima citados, elaboramos
atividades com base em algumas orientações organizadas pelo grupo de
professores de línguas. Nessa seção, especifico alguns princípios que
seguimos na intenção de alcançar objetivos educacionais mais amplos na
disciplina de Língua estrangeira e, em seguida, ilustro o modo como eles
se constituem, na realidade da sala de aula, através de exemplos de
práticas locais desenvolvidas em aulas de inglês. Embora estes
princípios guiem a maioria das práticas do grupo de línguas do CA,
torna-se importante destacar que elas não se estabelecem como
prescrições. Ainda, com relação aos exemplos apresentados, lembro que
eles são referentes somente à sala de aula de Inglês, por ser esta a
língua com a qual a autora trabalha.
Dito isso, seguem, então, os princípios e alguns exemplos do
trabalho didático desenvolvido em sala de aula de inglês:
Princípio 1: Repensar as práticas de linguagem
cotidianas, procurando discutir a representatividade do mundo social e
cultural, lá de fora, no microcosmo da sala de aula, levando em conta as
especificidades locais. Por exemplo, a partir de uma lição do
livro-texto, intitulada “Where is the National
Bank”, ressignificamos o planejamento, reformulando-a para uma
organização didática que passamos a chamar de “Meu Lugar no Mundo:
Minha Cidade, Meu Bairro, Minha Escola”. Todas as discussões foram
relacionadas às realidades dos alunos a partir de um passeio feito por
eles no bairro em que a escola está localizada. Eles observaram e
anotaram situações e condições de vida nas cercanias, desenharam mapas e
participaram de uma discussão a respeito do bairro. Na conclusão do
trabalho, a maioria dos alunos relatou que nunca haviam prestado atenção
e tampouco refletido sobre a necessidade de discussões emergenciais
envolvendo tópicos como sinalização efetiva, limpeza e segurança. A
discussão final em sala foi feita em inglês e em português com os alunos
interagindo através da coexistência simultânea das duas diferentes
línguas e da coexistência de diferentes níveis linguísticos e
culturais.
Princípio 2: Planejar atividades situadas, que levem
os alunos a formular contra-discursos e questionar tudo aquilo que pode
ser reconhecido como conhecimento válido. Por exemplo, em um
livro-texto elaborado no Brasil, intitulado “Projeto Radix: Inglês, 7°
ano” (Rubin & Ferrari, 2009), utilizado em nossas aulas de
inglês no ano de 2010, uma lição cujo título era Do you like
your hometown? trazia uma foto da ponte de Florianópolis,
cidade na qual vivemos, para ilustrar o tema. O projeto proposto pelo
material sugeria o desenvolvimento de um folder,
tendo como título, I love my city (p.41). O roteiro
proposto pelo livro demandava informações sobre população, recursos
econômicos, ícones, atrações turísticas, e outros aspectos que pudessem
exaltar a cidade, mas não havia qualquer estímulo para questionamentos
ou discussões sobre os problemas que cada cidade enfrenta. Na época em
que o tema foi trabalhado em sala, muitos alunos viviam em lugares bem
próximos ao mar e por conta da ocupação desordenada de terras na região
de Florianópolis, o oceano havia avançado, causando o desmoronamento de
construções. A partir deste problema local trazido à baila pelos alunos,
foi aventado o fato de que o gênero de um folder turístico deve ser,
sim, construído com informações positivas a respeito do lugar de que se
fala, no entanto, para a discussão em aula os alunos preferiram falar de
questões silenciadas que tanto haviam afetado seu cotidiano local. Em
seus folders, na parte final da atividade, além do
problema das construções irregulares ao longo da costa, os alunos
mostraram muitos outros problemas vivenciados pela população da ilha
como, por exemplo, o trânsito caótico, o aumento significativo do
consumo de drogas e prostituição, dentre outros, e deram aos seus
trabalhos títulos expressivos, dentre os quais destaco aqui: “a cidade
esquecida”, “a verdadeira Florianópolis” e “o que a mídia não mostra”.
Toda a produção escrita foi desenvolvida em inglês.
Princípio 3: Promover discussões acerca de questões
interculturais e de identidade de modo a resistir imposições de fora,
além de reagir contra a ideia da neutralidade do ensino de
inglês. Por exemplo: Em uma discussão com alunos do ensino
médio acerca de comportamentos de adolescentes foi proposta uma
discussão a partir de um site sobre jovens exilados. A página,
intitulada “Beyond the fire” (2009) tratava de
adolescentes refugiados e trazia perfis e histórias reais de jovens que
sobreviveram a diferentes guerras. As histórias falavam de perda,
esperança, medo, força e desespero. Sensibilizados, os alunos elaboraram
um texto sobre o tema para a revista que estavam preparando e
escreveram, em Inglês, e-mails para os jovens refugiados. Os alunos
compreenderam a realidade cruel a que muitos jovens no mundo estão
sujeitos e puderam discutir questões outras, muito além de preocupações
individualistas, como conflitos pessoais, auto-estima, estilos,
preferências e consumo, temas tão comuns e recorrentes em livros
textos.
Princípio 4: Promover trabalhos com outras
disciplinas, explorando o caráter interdisciplinar na sala de aula de
línguas. Por exemplo: a sala de aula de línguas, como um
espaço para a análise explícita do mundo em que vivemos, favorece muito a
discussão e desenvolvimento de trabalhos interdisciplinares. Em uma
sala de aula do nono ano do ensino fundamental, após os alunos
retornarem de uma viagem de estudos, cuja atividade fazia parte de um
projeto interdisciplinar maior no CA, os alunos tiveram a oportunidade
de refletir e discutir, em Inglês, as experiências vivenciadas em um
acampamento do Movimento Sem Terra. O conhecimento
construído juntamente com as disciplinas de Geografia, Sociologia,
Português e História foram fundamentais para os alunos produzirem textos
narrativos. Além disso, após lerem vários poemas sobre o tema e
explorando aspectos diversos desse gênero textual, os alunos escreveram
poemas em inglês, procurando expressar suas opiniões e sentimentos a
respeito das questões da terra (ou da falta dela). O resultado de
produção dos alunos foi divulgado na escola, nas exposições do Projeto
Interdisciplinar, mencionado acima e, dois dos poemas escritos pelos
alunos foram publicados na Revista Sobre Tudo, que o
colégio publica anualmente.
QUESTIONAMENTOS PERMANENTES E ALGUMAS CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os princípios e exemplos apresentados acima partem de nossas
práticas de sala de aula localizadas no Colégio de Aplicação da UFSC e
eles não implicam em proposição de técnicas ou de uma proposta de método
de ensino/aprendizagem de línguas. O que buscamos é socializar
experiências para contribuir com a solidificação de trabalhos teóricos
que buscam um ensino de línguas mais crítico que visa, essencialmente, o
desenvolvimento da cidadania (Liberalli, 2009; Schlatter &
Garcez, 2009).
Nessa tentativa de agir de acordo com uma agenda que esteja de
acordo com propósitos amplos de educação linguística (Garcez, 2003)
algumas questões persistem e nos ajudam a pensar e repensar nossas
práticas continuamente. São elas:
- O tipo de educação que nós, professores de línguas, pensamos é o mesmo de nossos alunos?
- Como equalizar essa discussão?
- Nossos alunos, na educação pública, podem ser proficientes de
acordo com os parâmetros estipulados por testes de línguas
padronizados?
- O que significa ser proficiente no contexto da escola pública?
- Qual o real papel das línguas estrangeiras na escola pública?
- Que tipo de linguagem, relacionada às línguas estrangeira, os alunos estão utilizando fora da escola?
- O que pode ser feito em termos de ensino/aprendizagem de línguas estrangeiras no sistema público de ensino?
- Como nos livrar de práticas naturalizadas e preparar nosso caminho em busca de objetivos mais alcançáveis?
Essas não são perguntas que podem ser objetivamente respondidas
e nem pretendemos encontrar respostas unilaterais. Sabemos que o
movimento em direção a uma abordagem educacional mais ampla do que
aquela oferecida em cursos livres, por exemplo, cuja agenda educacional
não se aplica aos propósitos de uma educação linguística significa
“tornar turvas as águas da complacência” (Rajagopalan, 2005, p. 12) no
contexto de sala de aula em que muitas práticas são legitimadas e
naturalizadas devido a certezas endêmicas. Como bem atesta Canagarajah
(2004, p. 135) “os discursos e culturas da sala de aula são bem mais
complexos do que nós podemos imaginar” e, nas aulas de línguas eles
podem se tornar ainda mais complexos quando não há uma definição clara
sobre o verdadeiro papel do ensino/aprendizagem da disciplina na escola
pública e quando as escolhas pedagógicas são definidas de modo isolado,
sem a participação conjunta entre professores e alunos. Portanto, não é
um trabalho simples, de causa e efeito, mas sim de respeito com o
pensamento do outro, para que não atravessemos a tênue linha entre o que
entendemos (e que queremos) como educação lingüística e que queremos
evitar, no caso, idéias prescritas e impostas que possam negar o
discurso da sala de aula, sempre tão enriquecido com sua própria
identidade, diversidade e multiculturalidade. Como destacam Schalatter
& Garcez, “uma pedagogia que tem como objetivo a educação
lingüística fundamenta-se na conversão dos princípios e conceitos em
práticas pedagógicas que priorizam ações conjuntas de professores e
alunos para construir aprendizagem” (Shalatter & Garcez, 2009,
p. 137).
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Secretaria de Educação Básica. (2006). Orientações
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tecnologias. Brasília: Ministério da Educação e Cultura,
Secretaria de Educação Básica.
Maria Inêz Probst Lucena holds a PhD in language studies from the Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS (2006). Currently, she works as a full-time teacher at Colégio de Aplicação, an experimental school at Universidade Federal de Santa Catarina and in the graduate program in linguistics at the same university. |